22 de jun. de 2009

Entrevista

Tecnologia e Jornalismo

A internet é um novo e importante meio de comunicação. Aos poucos foi ganhando espaço junto às outras mídias e atualmente se destaca, oferecendo desde jogos voltados para distração até importantes materiais de pesquisa e informação. O jornalismo está ocupando cada vez mais espaço neste novo meio, seja através de sites específicos ou, por exemplo, através de blogs. O instrumento que já foi utilizado apenas para desabafo de circunstâncias íntimas, hoje também possui conteúdos de caráter jornalístico e, principalmente, informativo. (Como este!). Lorena Lázaro, repórter do Diário da Manhã, fala um pouco sobre a profissão e a presença dessas novas tecnologias.

Informando e Discutindo: Em poucas palavras, como você descreve a profissão de jornalista?
Lorena Lázaro: Uma profissão cheia de glamour, mas com pouca recompensa.

I e D: Quais razões fizeram com que você optasse pela profissão?
Lorena: Na verdade eu não sei. Sempre quis isso, mas confesso que quando adolescente fiz um teste de aptidão que confirmou minha vontade.
Não tem nada a ver com falsas ideologias ou querer salvar o mundo, como os mais antigos da área. Como disse um colega aqui recentemente: "sou da época da ditadura, quando escrever e dar sua opinião era um crime e um honra". Está mais relacionado com o poder da linguagem, com a vontade de escrever.

I e D: As novas tecnologias possibilitaram o desenvolvimento de novas formas de comunicação. Qual a relevância desses novos meios, como a internet e todas as alternativas que ela oferece, para o jornalismo?
Lorena: Não consigo imaginar jornalismo sem internet. A evolução da comunicação ao nível instantâneo que chegou hoje só contribui com a profissão.

I e D: Qual a sua relação com a internet? O que acha dos webjornais?
Lorena: Adoro internet. É o meio que te leva ao mundo, mesmo estando na sala da sua casa. Com relação aos jornais, precisamos filtrar. Escolher canais com credibilidade, da mesma forma que fazemos com o impresso. Mas tudo pode ser melhorado, principalmente as buscas por matérias, que normalmente deixa a desejar. Bons blogs também tem informação de qualidade, mas precisamos lembrar que eles representam a opinião de uma pessoa, não o de interesse público.

I e D: Como você avalia a relação entre jornal impresso e webjornalismo? É possível dizer que o brilho do impresso vem sendo ofuscado pelo do webjornal?
Lorena: Com certeza o impresso vai viver uma crise, já caiu o número de leitores inclusive. Mas são formas de comunicação diferentes, acho que nunca uma vai eliminar a outra.

I e D: Você tem blog? Acredita que essa ferramenta pode ser utilizada por jornalistas para a divulgação de informações?
Lorena: Não tenho ainda. Acredito que o blog é uma boa maneira dos jornalistas emitirem sua opinião, principalmente quando o meio de comunicação que trabalha não permite isso. Como já disse, precisamos somente conscientizar que o blog não é um jornal.

20 de jun. de 2009

Lei de Crimes Ambientais. Há punição!


O artigo 54 da Lei de Crimes Ambientas de 1998, (Lei 9605), reza que é crime “Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora”. Adriana explica que a lei sintetizou todas as demais que tratavam dos aspectos administrativos, penais e civis com relação ao meio ambiente, garantindo agilidade e eficácia na punição dos infratores. A lei, segundo ela, tipifica os crimes, apontando os vários tipos de pena.

A tecnóloga em gestão ambiental acredita que um ponto interessante da lei é que ela criminaliza a pessoa jurídica, que é, por exemplo, uma empresa ou uma associação, sem tirar a culpa da pessoa física, que é a pessoa natural, qualquer indivíduo desde o nascimento. “Não existe na realidade uma pessoa jurídica sem a pessoa física. A empresa não existe por si só, existe uma pessoa que é responsável e ela é responsabilizada administrativa, civil e penalmente pelo crime cometido”, ressalta.

Mas, como publicou Eduardo Martins, presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), no site da instituição, na época em que a lei entrou em vigor: “A Lei, entretanto, não trata apenas de punições severas, ela incorporou métodos e possibilidades da não aplicação das penas, desde que o infrator recupere o dano, ou, de outra forma, pague sua dívida à sociedade”.

O código de posturas, documento que reúne as normas municipais referentes, por exemplo, ao uso dos espaços públicos, ao funcionamento de estabelecimentos, à higiene e ao sossego público, é, segundo Adriana, um dos instrumentos de comando e controle que a prefeitura dispõe. “Esses instrumentos servem, por exemplo, para cercear as emissões das diversas substâncias ou ruídos e para ter um controle daquilo que é permitido fazer e do que é tipificado como poluição”, complementa. Adriana acrescenta que os seres humanos precisam de limites e eles estão fixados nos parâmetros estabelecidos pela lei.

Outro fiscal das irregularidades ambientais, como coloca Adriana, é a população. A Agência Municipal do Meio Ambiente (AMA) disponibiliza o Telefone Verde (161) através do qual qualquer pessoa pode ligar e denunciar algo que julgue incorreto, como a realização de queimadas. “Quando a denúncia é feita, o corpo técnico de fiscais vai para o local com os equipamentos necessários para verificar se realmente há uma irregularidade”, relata. Esta participação da sociedade também esta prevista no código de posturas. “Ele estabelece que todos são obrigados a cumprir com suas determinações e inclusive auxiliar o poder publico municipal na tarefa de fiscalização do cumprimento dessas normas”, afirma Adriana.

Ela explica que existe o departamento de monitoramento ambiental, que avalia os diferentes tipos de poluição, como a hídrica ou a atmosférica. Para isso são necessários equipamentos específicos. Ela conta que em Maio a AMA recebeu a doação de um equipamento que fará o monitoramento da emissão de particulados em Goiânia. De acordo com ela esse monitoramento já é realizado, mas por um outro processo que é mais lento. “A estação que recebemos é móvel. Em São Paulo já existem várias. Elas ficam em determinados pontos da cidade para monitorar a emissão de particulados em um determinado período. Depois é realizado um estudo que vai determinar melhor os parâmetros de emissão da cidade”, explica.

A Avaliação de Impactos Ambientais (AIA), junto com o Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EPIA) são, de acordo com Adriana, outros dois importantes instrumentos de comando e controle. Eles têm a finalidade de realizar um estudo para determinar se a construção de um novo comércio ou indústria em certo local pode ser aprovada. Essa aprovação depende de um licenciamento. No requerimento deste a empresa deve, dentre outros fatores, se comprometer em utilizar recursos que controlem a emissão de substâncias poluentes.

O licenciamento passa por três fases. Licença prévia, Licença de instalação e Licença de operação. De acordo com Adriana, a cada fase são realizadas vistorias para fiscalizar se a empresa está cumprindo com os critérios estabelecidos. Caso haja alguma irregularidade o processo não segue adiante. Quando uma empresa ou uma pessoa é autuada por estar cometendo um crime ambiental, Adriana esclarece que a punição não é realizada imediatamente. “Quando recebemos a denuncia e é feita a fiscalização, a empresa tem um tempo pra se organizar e entrar nas regras. Se não entrar nos padrões, ai vem a questão da multa”.

No entanto, para que exista um crime é preciso existir uma denúncia. Como explica Adriana a equipe de fiscalização só se desloca se houver um chamado, pois Goiânia tem um milhão e duzentos mil habitantes, o que segundo ela, torna impossível a fiscalização de toda a cidade. “Não tem como a equipe ficar rodando. É dinheiro público que está sendo consumido”, afirma.

Se tratando da fiscalização no tratamento de resíduos, Osmar Mendes afirma que a estrutura existente hoje é muito insignificante. “Só em 2008 que foi criado um departamento voltado para o tratamento de resíduos e possui apenas um funcionário”, afirma. De acordo com ele, faltam recursos para que a fiscalização seja ampliada e para que haja um tratamento eficaz do lixo. “Quando criou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o governo lançou uma verba para tratamento de resíduos sólidos. Do que iria ser disponibilizado inicialmente, apenas 25% foram divulgados. Desse total, não saiu nada até hoje”, relata Osmar.

Outro problema apontado por ele é a falta de legislação. A lei de saneamento básico, que segundo Osmar, demorou 20 anos para ser aprovada, trata um pouco dos resíduos sólidos, no entanto, ele afirma que não existe uma lei nacional que estabeleça diretrizes que coordenam os resíduos. “Precisamos ter uma estrutura governamental melhor para fiscalizar o procedimento. Se ninguém autuar, ele continua”, ressalta.

Segundo Osmar, o que falta no poder público, além de estruturas, são “pessoas certas e que pensem, nos lugares certos”. Ele explica que quando há estrutura não há vontade política e, muitas vezes, as pessoas que ocupam certos cargos não pensam, nem elaboram bons projetos. “Se não tiver projeto ou o projeto não for bom, não há liberação de verba”, esclarece. Ele conta que a prefeitura financia o início do projeto, mas para que haja esse financiamento, ele precisa mostrar que é sustentável, ou seja, que vai conseguir se manter quando não houver mais o apoio do poder público.

19 de jun. de 2009

Culpados ou não?*


* Artigo escrito em 2008 sobre as enchentes em Santa Catarina.


Na semana passada o mundo parou para acompanhar e lamentar o desastre “natural” que devastou Santa Catarina. A mídia nacional se mobilizou completamente, chegando a realizar campanhas para arrecadar mantimentos para os catarinenses. O assunto também foi destaque nos principais jornais internacionais, Le Monde, El país, The New York Times.

Apesar da grande ênfase à dimensão da tragédia e ao número de mortos, outro fator foi constantemente mencionado, a solidariedade do povo brasileiro, que mesmo não tendo a obrigação de ajudar, se esforça para fazê-lo. Mas, espere um pouco, será que realmente não temos a obrigação de ajudar?

Um desastre natural. Mas até que ponto? Há muito tempo o homem tomou posse da natureza e desde então interfere direta ou indiretamente no seu percurso. De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU, há mais de 90% de certeza de que a ação humana influencia o aquecimento global, ou seja, nós contribuímos para a alteração climática.

No Brasil esse impacto começou em 1500 com a chegada dos portugueses, seguida da exploração da Mata Atlântica. Eles estavam motivados pelo lucro obtido com a venda do pau-brasil na Europa. Segundo dados apresentados pela ONG WWF, a Mata possui hoje apenas 9% da extensão original.

As enchentes, apesar de resultarem das chuvas, que são obras da natureza, não têm um surgimento independente da ação humana. A impermeabilização do solo, devido à pavimentação das ruas, a constante redução da área verde para a construção de novos estabelecimentos, a alteração do curso de rios e a obstrução das galerias pluviais, devido ao lixo jogado nas ruas pela população, atrapalham o escoamento da água, que permanece na superfície. A invasão de áreas de encostas por loteamentos clandestinos, também contribuem para a proporção dos desastres.

Exemplo claro é o que aconteceu em Blumenau, uma das cidades mais atingidas. Em entrevista para o site do Eco, a professora e pesquisadora de Ecologia de Florestas da Universidade Regional de Blumenau, Lúcia Sevegnani, afirmou que a população local aumentou de 120 para 300 mil habitantes nas últimas décadas. O aumento populacional foi absurdo e resultou na ocupação de áreas de risco, como encostas de morros e beiras de rios – os locais mais atingidos nas enchentes desse ano.

Se o maior responsável pelas alterações climáticas que ocorreram e ocorrem é o ser humano, ele deve, com certeza, colaborar na reparação dos danos provocados. Portanto, não se trata apenas de uma questão de solidariedade, mas de obrigação.

Pelo menos o assunto ‘mudança de clima’ já está sendo pensado. Começou no dia primeiro de dezembro o 14º encontro da Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC). Um dos principais objetivos do encontro é tentar superar os impasses das negociações do novo acordo sobre a redução da emissão de gás carbônico, substituto ao protocolo de Kyoto, para que o financiamento de projetos possa começar a partir do ano que vem.


Se as duas semanas de negociações vão ter algum progresso, não é possível saber. Afinal, a discussão já acontece há uns bons anos. Já está mais do que na hora das ações começarem a aparecer. Enquanto não aparecem, nos contentamos com o “antes tarde do que nunca” e claro, vamos ajudando da maneira como podemos as vítimas da nossa irresponsabilidade e falta de bom senso com os recursos naturais.

17 de jun. de 2009

Há consciência ambiental?

Adriana diz que a Agência Municipal do Meio Ambiente (AMA) tem projetos de educação ambiental que visam conscientizar a população sobre importância da preservação do meio. “A semana inteira nós temos atividades nas várias escolas de Goiânia. Estamos sempre fazendo palestras de conscientização, abordagens nos parques e na medida do possível, tentamos alertar as pessoas a respeito do que é proibido e do dever de cada um”, complementa.

No entanto, ela afirma que muitas vezes não há interesse por parte da população. “Temos que ficar chamando as pessoas para participarem dos eventos, por que às vezes percebemos que elas não se importam. A própria população fomenta ações que vem em desencontro com aquilo que é proposto. Provocam pequenas queimadas, jogam lixo em terrenos baldios e arrancam ou picham as placas dos parques, contribuindo com a sua destruição”, relata.


O pensamento de muitas pessoas, segundo Adriana, é de que elas não são responsáveis pela preservação da cidade, dos recursos naturais e dos bens materiais. Ela afirma que o trabalho de conscientização também tenta mostrar para o cidadão que os bens e instrumentos públicos são patrimônios públicos, disponibilizados pelo poder público, mas que não deixam de ser do cidadão e, portanto, é importante preserva-los.


Leônidas também destaca que é preciso que o cidadão tenha consciência dos seus atos. “Mais importante que ter edifícios que sirvam de exemplo para a construção sustentável, é participar de uma cidade onde as pessoas tenham consciência e o poder público esteja realmente preocupado com isso, não apenas de um ponto de vista mercadológico”.


Para exemplificar a falta de consciência que existe atualmente, Homim cita alguns hábitos dos universitários. “Ao passearmos pela universidade nos deparamos com lixo no chão e nas salas de aula e o próprio descarte de material, o aluno compra um salgado e joga a metade fora”. Segundo ele, a universidade é onde está a parte mais bem formada do país, que tem acesso à informação e trabalha a construção do conhecimento. No entanto, é um dos locais onde é possível perceber “a enorme falta de consciência ambiental”.


O engenheiro agrônomo Luciano Coelho acredita que pelo menos os grandes empreendedores já atingiram um alto nível de conscientização. Ele afirma que as empresas evoluíram não por estarem sendo fiscalizadas, mas para se fortalecerem na busca do mercado externo. “Para alcançarem esse mercado elas precisam ter hoje adequação na área ambiental e socioambiental”. Luciano explica que além de se mostrarem preocupadas com o meio ambiente, devem tratar bem o ser humano, oferecendo boas condições de trabalho.


Segundo Luciano, elas seguem as chamadas regras de ouro. “Quando entramos, por exemplo, em uma mineradora, tem as regras expostas. De cinco, no mínimo duas são ambientais, como preservar as matas e não queimar. As outras envolvem saúde e segurança”, relata. Porém, Luciano reconhece que as empresas buscam essa adequação para serem aceitas e aumentarem os níveis de exportação, ou seja, visam o lucro e não a proteção do meio ambiente.


Para Osmar Mendes, a falta de consciência é uma questão cultural. “No Brasil as pessoas têm o hábito de jogar tudo na rua. Quando termina um evento, como a feira, ou shows, a rua vira um chiqueiro”, pontua. Ele conta que na Alemanha após um evento, as ruas continuam limpas e há uma consciência também na questão da reciclagem. Ele explica que lá, e também na Suíça, as pessoas pagam para reciclar o lixo que produzem.




A separação é feita entre materiais orgânicos e não orgânicos que são colocados em sacos específicos. “Quando compra o saco, que custa caro, a pessoa já está pagando para reciclar. O lixo só pode ser entregue naquele tipo de saco”, explica. Além de fazer a separação dos resíduos, o cidadão também é responsável pela entrega. Existem pontos de coleta e o poder público não passa para recolher. A coleta tem, portanto, custo zero. “Aqui, a pessoa para colocar o lixo no horário certo para ser coletado, já acha difícil”. No entanto, Osmar não deixa de ser otimista. “Mas agente vai avançar, um dia chegamos lá”, conclui.

16 de jun. de 2009

O que fazer com tanto lixo?!




A problemática do lixo, segundo Osmar Mendes, Analista Ambiental da Secretária Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídrico de Goiás – SEMARH é o constante aumento de resíduos e a falta de áreas apropriadas para depositá-lo. Ele afirma que Goiânia produz cerca de 1280 toneladas de lixo por dia durante os meses mais chuvosos e 1150 toneladas no período seco.


O destino do lixo em Goiás, de acordo com Osmar é de 70% de resíduos encaminhados para lixões, que é a forma inadequada de disposição, já que os resíduos são apenas descarregados sobre o solo, sem qualquer medida de proteção ao meio ambiente e à saúde pública. Vinte e cinco por cento são encaminhados para a forma controlada de colocar o lixo, na qual precauções tecnológicas são adotadas durante o desenvolvimento do aterro, aumentando a segurança do local e minimizando impactos no meio e na saúde. No entanto, como coloca Osmar, “ainda não é a maneira adequada, pois não tem, por exemplo, impermeabilização, que impede o contato do chorume produzido com o lençol freático”. E, 5% vão para aterros sanitários, que utilizam técnicas de engenharia; onde é feita a drenagem e captação do líquido gerado e realizada a compactação do lixo.



O aterro de Goiânia tem segundo Osmar, por volta de 45 metros de altura. Sua área atual teve 15 anos de vida útil e está passando por um procedimento que vai ampliá-lo garantindo mais alguns anos. “Os mais otimistas afirmam que vai aumentar mais 20 anos na vida útil do aterro. Mas a área ampliada corresponde à metade da original. Se esta aguentou 15 anos, a ampliação deve aguentar sete”, conclui.


Osmar Mendes ressalta que como faltam verbas para ampliar a fiscalização e para serem investidas em novas técnicas de tratamento do lixo, o que existe hoje é um trabalho de conscientização, realizado pela gerência específica de educação ambiental. No entanto, como ele coloca, o retorno do trabalho de conscientização é muito demorado. “A Alemanha é um país admirável na questão de consciência, mas se for ver, o órgão ambiental lá tem 750 anos de operação. O do Brasil tem 30 apenas”, acrescenta.


Segundo Osmar, o melhor destino que pode ser dado aos resíduos hoje, é o processamento para a cogeração de energia. “Queima o lixo e produz vapor que vai tocar uma turbina para gerar energia”, explica. No entanto, ele acredita que existem forças que não deixam essa tecnologia avançar. “Os interesses puramente econômicos impedem o desenvolvimento de novas tecnologias. Dizem que por trás do lixo existe muito dinheiro”, pontua.


Ele estima que o lixo da capital e do entorno seria suficiente para gerar energia para uma cidade de 300 mil habitantes. “O custo da tecnologia é alto. Mas a construção de uma hidrelétrica, que fica entorno de 120 milhões de dólares é quase equivalente. O problema está no interesse em desenvolvê-la”, afirma. Osmar conta que só existe uma empresa que realiza o processo de cogeração de energia no Brasil, que fica em São Paulo.


O procedimento faz a blendagem, ou seja, a mistura de diferentes tipos de resíduos, o que vai aumentar o seu poder calorífico, permitindo a geração de energia. A vantagem, segundo Osmar é que a queima para geração de energia, não produz mais resíduos, como acontece quando é utilizada a incineração. O resultado final são cinzas, que nos Estados Unidos (EUA), por exemplo, são utilizadas para produzir cimento. “Tem cimenteiras nos EUA cujo 80% dos cimentos são produzidos a partir do coprocessamento do lixo”, afirma. A vantagem para o gerador, de acordo com Osmar, é que ele recebe um certificado de eliminação de resíduos.


Os resíduos gerados pela construção civil são responsáveis, segundo Osmar, por 41% a 70% da massa de resíduos urbanos coletados no Brasil. Em Goiânia são geradas 2000 toneladas de resíduos por dia na época de estiagem. Osmar explica que o grande problema é que não há um local específico para destinação dos resíduos. “São encaminhados para os aterros sanitários e utilizados para recobrimento do lixo, mas o excesso também acaba ficando e contribuindo, dentre outros problemas, com a redução da vida útil do aterro”.


Leônidas, doutor em Âmbitos de Investigação em Energia e Meio Ambiente na Arquitetura, pela Universitat Politècnica de Catalunya, Barcelona (Espanha), acredita que o recolhimento do entulho é dever do construtor. No entanto, o poder público deve contribuir, por exemplo, com a construção de indústrias que trabalham com a reutilização dos materiais, para que eles possam ser reciclados. “Quando você começa a reciclar, percebe o quando de lixo você gera. Se as construtoras não se responsabilizarem pelos seus resíduos, não vão saber o quanto produzem”, afirma. Segundo ele este é o ponto importante da reutilização, ter consciência do lixo que produz e a partir daí, tentar encontrar soluções, como a redução do consumo de materiais na obra.


De acordo como Osmar, o percurso correto no tratamento do lixo seria, “diminuir o consumo para gerar menos resíduos. Se gerou, reciclar. O que não for possível de ser reciclado, utilizar na cogeração de energia”. A logística reversa é outro caminho apontado por ele, na qual o gerador é responsável pela eliminação dos resíduos e, para isso, agrega um valor a mais na mercadoria, que será o dinheiro utilizado para promover a reciclagem.


Ele afirma que Goiás está caminhando em passos lentos. “Dá um passo para frente e recua dois”. Segundo Osmar, está caminhando na contra mão da história, principalmente por atitudes como retirar a administração do aterro sanitário de Goiânia de uma empresa terceirizada e voltar para a prefeitura. “Outros Estados estão melhorando porque estão terceirizando o produto. O poder público se torna apenas um agente fiscalizador do serviço”, ressalta. “Mas acredito que agente vai caminhando. É um ato de consciência do administrador e da sua equipe”, conclui.

15 de jun. de 2009

Poluição

De acordo com tecnóloga em controle de gestão ambiental Adriana Chilon, a poluição pode ser originária de fontes móveis, como os automóveis que lançam fumaça para a atmosfera; ou estacionárias, como as indústrias ou a própria agricultura que também pode ser responsável pela liberação de efluentes. No entanto, como ela explica, para que a emissão de determinada substância seja considerada crime ambiental, por causar poluição, é preciso que esteja em desacordo com os parâmetros legais determinados pelos vários tipos de instrumentos de comando e controle.

A poluição se subdivide, segundo Adriana, em hídrica, do solo, sonora e visual. “A poluição hídrica é a alteração dos elementos constitutivos da água, tornando-a imprópria ao consumou ou utilização para outros fins”. Já a do solo, ela explica que é causada por resíduos sólidos, rejeitos perigosos, agrotóxicos, pelas queimadas, atividades de mineração e pelos cemitérios horizontais que liberam chorume cadavérico.

O Chorume é um líquido resultante do processo de apodrecimento de matérias orgânicas. Nos cemitérios é resultante da decomposição dos cadáveres. Também pode ser encontrado nos lixões e aterros sanitários. Se não receber tratamento adequado, pode contaminar o lençol freático. Como coloca Adriana, “normalmente, quando existe uma causa de poluição do solo, ela vai se transformar na poluição de um corpo hídrico ou mesmo do lençol freático, por causa da percolação desses elementos”. Osmar Mendes, Analista Ambiental da Secretária Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídrico de Goiás – SEMARH, ressalta que o chorume é uma substância muito agressiva e tóxica. Segundo ele, no Brasil, só é tratado de maneira correta em São Bernardo. O procedimento realizado elimina 99% dos constituintes tóxicos.

No entanto, ele acrescenta que este tratamento é caro. “É uma diferença de investimento muito grande. Se o procedimento comum gasta um milhão de reais, este gasta quinze”, afirma. Osmar explica que a tecnologia mais barata que é utilizada, drena os gases, que são queimados ou aproveitados e drena também os líquidos e os manda para uma lagoa, o que não é suficiente para remover o material poluente devido a sua elevada toxidade.

A poluição sonora é a emissão de ruídos desagradáveis. Adriana explica que a emissão máxima permitida é de 55 decibéis. “Você estando sujeito a uma emissão de poluição sonora desse grau por várias horas consecutivas pode ter danos sérios a saúde, inclusive a saúde mental”, afirma. Segundo Adriana, as pessoas confundem muito a questão do horário limite para emissão de sons altos. Ela esclarece que o que está expresso na constituição federal é que todos têm direito a um ambiente equilibrado, independente da hora. Portanto, se a pessoa estiver se sentindo incomodada tem o direito de reclamar. “Não existe essa de ‘eu posso fazer uma festa de arromba até às 22h porque estou dentro do limite legal’”, afirma.
Por último, a poluição visual, que segundo Adriana é a “degradação ambiental resultante das publicidades comerciais e sociais que direta ou indiretamente coloquem em risco a segurança, o bem-estar da comunidade ou afetem as condições estéticas do meio ambiente urbano ou rural”, conclui.

12 de jun. de 2009

“Com a intensificação do processo industrial no século XVIII começou a significativa alteração do meio ambiente”, afirma Adriana Chilon*.


Com início no século XVIII, na Inglaterra, a Revolução Industrial foi um período marcado pelo avanço tecnológico dos meios de produção e dos transportes. As mercadorias, que até então, eram produzidas à mão, pelos artesãos, passaram a ser fabricadas por máquinas, que já não utilizavam mais a energia humana e sim a energia gerada por combustíveis fósseis, como o carvão mineral e mais tarde o petróleo.


Na época, a tecnologia proporcionou o surgimento de máquinas a vapor, como os teares. E também de meios de transportes mais eficientes, como as locomotivas e trens a vapor. Os avanços permitiram acelerar o ritmo da produção, baratear os produtos, transportar mais mercadorias e pessoas de maneira mais rápida e econômica. Em contrapartida, como explica Adriana Chilon, contribuiu para o aumento da poluição ambiental. “Agora, no século XXI estamos com o agravamento dessa situação que começou com a produção em larga escala, principalmente, dos bens de consumo”, esclarece.

Com a utilização dos combustíveis fósseis para a geração de energia houve um aumento da emissão de gases poluentes para a atmosfera. Como explica Leônidas Albano, doutor em Âmbitos de Investigação em Energia e Meio Ambiente na Arquitetura, pela Universitat Politècnica de Catalunya, Barcelona (Espanha), eles acumulam-se, impedindo que a radiação solar seja refletida de volta para o espaço, o que, consequentemente, contribui para o aquecimento global. Os gases poluentes são produzidos, principalmente, pela queima de combustíveis fósseis, de resíduos orgânicos ou da vegetação florestal. Dentre eles estão o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O) e os Perfluorcarbonetos (PFC's).

O acúmulo desses gases é considerado poluição por que, como explica Adriana, eles modificam a composição da atmosfera. “A atmosfera é uma camada que envolve o globo e tem seus constituintes. A alteração desses constituintes que ultrapasse os limites estabelecidos dentro das normas ambientais causa um desequilíbrio que nós denominamos poluição”, complementa. Adriana acrescenta que essas alterações podem colocar em risco a saúde, a segurança e o bem estar da população e dos demais seres vivos.


Outro problema decorrente da Revolução Industrial, segundo Osmar Mendes, Mestre em Engenharia do Meio Ambiente pela Universidade Federal de Goiás e Analista Ambiental da Secretária Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídrico de Goiás – SEMARH é o aumento do consumo, resultante da produção de mercadorias em menos tempo e com um custo menor. “O crescimento acelerado da população e das novas tecnologias voltadas para a fabricação de bens de consumo, tem contribuído com o aumento da geração de resíduos”, afirma. Resíduos, como ele explica, é o lixo que pode ser reciclado. A fração que ainda não possui tecnologia para reciclá-la é denominada rejeito.


*Adriana Chilon é tecnóloga em Gestão de Controle Ambiental.